Se Joga!!! A maioria das pessoas imagina que saltar com paraquedas de um avião e cair em queda livre a 220 km/h é um risco de vida muito grande, mas poucos sabem que os aventureiros que fazem isso possuem os aparelhos de segurança mais sofisticados do esporte de ação. Eles necessitam de toda a tecnologia para que possam pousar sãos e salvos em terra firme.
Realizamos o teste in loco a convite do editor da Revista Griffe, Flávio Andrade, na escola de paraquedismo em Boituva, localizada no Centro Nacional de Paraquedismo (CNP) e, o teste confirmou que de perigoso, o salto de paraquedas só tem mesmo é muita emoção.
PreparaçãoO salto escolhido pela reportagem foi em dupla, ou seja, com instrutor. Isto porque para saltar sozinho, a pessoa precisa passar por uma rigorosa avaliação de acordo com as normas da aviação. O companheiro de aventura Flávio Andrade já havia realizado um curso teórico de oito horas e por causa disso recebeu a habilitação para saltar individualmente, mas no seu 17º salto, ele ainda solicitou a companhia de um instrutor para saltar a seu lado, no caso do editor da revista Griffe quem o acompanhou foi à instrutora Julie Vidotti, 27 anos, uma das poucas mulheres do país que se aventuram nesta profissão.
O instrutor que acompanhou a reportagem em seu primeiro salto foi o experiente paraquedista, Otávio de Camargo Júnior, de 39 anos e 19 deles dedicado a esta prática esportiva. Tavinho, como é conhecido, possui o título de recordista sul-americano de formação em queda livre, conquistado em 1997, na Flórida (EUA). Em seu currículo são mais de 4.200 saltos e um deles custou à guarda da sua filha por um ano, conforme ele explica: "Quando minha filha tinha sete anos ela pediu para saltar e eu a levei a 1.500 metros de altitude e saltamos juntos. Ela adorou, mas a mãe dela, minha ex-esposa, ficou furiosa e não deixou eu chegar perto da minha filha por um ano. Mas minha filha tem vontade de saltar de novo".
Antes de entrar no avião, o dobrador de paraquedas Beto "Strepe" me explicou que existe a possibilidade do equipamento falhar, mas essa possibilidade é de apenas 1%. E, se essa porcentagem mínima ocorrer existe um dispositivo que abre automático o paraquedas reserva. "O paraquedas é revisado a cada seis meses, o mesmo tempo em que é dobrado o reserva", disse Strepe.
O saltoFoi com este insano instrutor, que este humilde repórter subiu numa aeronave com capacidade para 15 paraquedista. Neste dia havia oito pessoas - além da reportagem, a namorada Sarah que aproveitou o embalo e não se intimidou, Flávio, Julie e mais dois loucos. Quando sobrevoamos as nuvens a porta se abriu e a 1.500 metros de altura dois paraquedistas saltaram primeiro do avião. Eles estavam treinando salto esportivo, mas a imagem deles saltando do avião assustou.
A instrutora Julie fechou a porta, o barulho do vento cessou um pouco, e continuamos subindo. A três mil metros, começou a preparação, o instrutor revisou algumas dicas em terra firme e a porta se abriu novamente. O barulho do vento é assustador e um de cada vez foi saltando do avião: primeiro Flávio e Julie, depois Sarah e o instrutor dela, e por último a reportagem.
É tudo muito rápido. Na porta do avião avistei Sarah e o instrutor sumindo nas nuvens, na sequência a contagem: três, dois, um... Não a tempo de pensar, quando se toma conhecimento da situação de cair a 220 km/h. São 45 segundos de queda livre, mas parecem muito mais. Já sonhei algumas vezes que estava voando, quando criança brincava de voar como superman, mas desta vez não estava voando e sim caindo e era realidade. Só que não parece, a sensação de pular de paraquedas é de estar flutuando com um vento imenso na cara. Não dá para pensar em nenhum problema, de nada, nem imaginar que algo pode dar errado e o paraquedas não abrir. A sensação de cair em queda livre é algo diferente de tudo que existe em terra firme.
Quando a velocidade parece se tornar maior, o paraquedas se abre. A velocidade diminui e a euforia aumenta consideravelmente. Com tanta adrenalina não dá para ficar calado. A queda com o pára-quedas aberto dura uma média de 15 minutos, nesse tempo me lembro de ter agradecido a Deus por estar vivo e ter admirado a paisagem. Acabei mesmo realizando um sonho.
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